terça-feira, 5 de março de 2019
Agora vamos ali comer um pedaço de lombo
"Agora vamos ali comer um pedaço de lombo" - disse o meu pai enquanto ajeitava ao ombro, ali mesmo ao pé da capelinha de Santa Rita, a pasta de cabedal das ferramentas, dando por terminado o trabalho de restauro de uma mobília de sala na casa do juíz da Benfeita. E eu, na minha inocência, levei a frase à letra e julguei que se tratava da merenda muito embora já estivessemos na rua e começasse a escurecer... O lombo começava logo a seguir à ponte que atravessava a ribeira e seguia para lá da "fonte das moscas". Afinal era o caminho que nos esperava pela encosta acima, até ao Pai das Donas, a aldeia onde morávamos. Uma boa hora de caminho e sem muito descuido! A noite cerrada veio esperar-nos junto aos castanheiros do vale, garantindo-nos a sua companhia por um bom pedaço de caminho ainda, todo ele feito às apalpadelas por entre raízes de castanheiros e caruma escorregadia. De maneira que, já passava da hora habitual do jantar, quando, finalmente, nos sentámos à mesa da cozinha para matar a fome que aquele lombo nos tinha pregado entre as costelas e o estômago. Nada que um bom prato de sopa(a tranca da barriga, como eles diziam)não curasse, logo seguido do das batatas com couves e sardinha frita, que, vá-se lá saber porquê, naquele dia me soube a carne fresca!
Cleo
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