terça-feira, 5 de março de 2019

Tudo morre um dia...




Tudo morre um dia... Este começo de conversa, traz-me ao pensamento uma frase que ouvia muitas vezes da boca da minha avó, quando, nostálgica, me contava certas coisas que íam emergindo das suas lembranças de outros tempos bem mais remotos ainda. Tempos esses, de onde, de entre uma ninhada de doze irmãos, ela era apenas mais uma criança do campo que nunca teve tempo para o ser. Acho que naquele tempo ninguém o era! Principalmente, se tivessem o infortúnio de terem nascido em berços onde a pobreza morava também. Cedo lhes eram atribuidas pesadas tarefas, não importando muito a tenrura da idade. Sendo que, a de tomar conta dos irmãos mais novos, era tida como a maior e mais importante de todas. À medida que íam crescendo na idade, outras se lhes seguiam, cada vez mais duras até atingirem o estado adulto, num ciclo sem volta. Ainda assim, a minha avó, mantinha aquele ar alegre de riso fácil que lhe era tão característico, mesmo quando me falava das tareias que apanhava por não ter feito esta ou aquela coisa ao jeito do seu pai, homem rude e austero, que lhe não poupava o corpo na hora da fúria, quando esta o assaltava e que em certa ocasião, só por milagre lhe não deu cabo da espinha, com um ancinho mal atirado. Por isso, era-me difícil compreender na altura, que apesar das agruras da vida, ainda rematasse a conversa com aquele: "Ai ai, tudo se vai atrás de quem o deixa". Não era este o rumo que queria ter dado ao texto quando o comecei com aquela frase lá de cima, mas foi assim que ele se escreveu sozinho..

Cleo

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