quarta-feira, 7 de agosto de 2019

O tempo, não o de sol ou da chuva, o outro.


O tempo. Não o de sol ou da chuva. O outro... Aquele que se não deixa ver nem apalpar mas que o sabemos, porque nos distancia das coisas onde pessoas mais novas do que nós agora (e no entanto mais velhas do que nós), em lugares que se lá formos hoje as não encontramos. Ou se encontramos alguma ainda, já não a mesma que aquela que nos vem ao pensamento. Esse tempo, será sempre tudo o que me separa do que por vezes me enche o pensamento. Partículas dispersas de coisas insignificantes, restos de momentos que ora aparecem ora se escondem por detrás de outras memórias para depois voltarem noutra ocasião qualquer sem que as espere. Parece que estão ali sempre à mão e no entanto, se me distraio, se as não aponto num pedacito de papel, já só o vazio no lugar delas. Já me tem acontecido precisar de algumas e elas a brincar comigo às escondidas. Mandam-me outras no lugar delas e essas a suceder a mesma coisa. De maneira que, às vezes, costumo adormecer à espera delas com uma rede de caçar borboletas, no redondo da esquina, entre um sonho e um pensamento.

Cleo

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