quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Sobram-me palavras emudecidas
Sobram-me palavras emudecidas pelo assombro do medo, de as mesmas virem a perturbar o silêncio que se abate sob as cinzas do tempo, aquietadas pelas irremediáveis, mas já conformadas ausências. Se houvesse uma ligeira brisa que fosse, que só por um mero acaso entrasse por alguma fresta descuidada, espalhar-se-íam pelo ar todas aquelas cinzas, qual tesouro incalculável sumindo-se em frinchas de obscuridades desconhecidas e impossíveis de alcançar. Tantos lugares vazios no abandono do bordo desta fogueira apagada... Lugares tão cheios de tudo, quando ligado o interruptor das incandescentes e crepitantes memórias e ao mesmo tempo, tão cheios de nada, se, desligado do pensamento e ao sabor do esquecimento. Restos de tocos inanimados que jazem no canto farrusco desta pilheira, ornamentada por tumulares paredes enegrecidas de fumo longínquo. E o frio da pedra, quando for noite, a tornar a noite ainda mais escura lá fora.
Cleo
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