quinta-feira, 7 de novembro de 2019

O tempo... Sempre o mesmo tempo


O tempo... Sempre o mesmo tempo de que nos damos conta de já ter passado, quando, nos olhamos ao espelho e lhe descobrimos o diâmetro da espessura. Ou nas rugas que escavaram socalcos na pele do rosto engelhado de uma velha, a debulhar memórias que estende ao sol... O tempo que nos escapa por entre os dedos, porque nos distancia das coisas. Não dos lugares, porque a esses podemos voltar sempre que nos apetecer. Apenas das coisas, porque os lugares, esses, a continuarem lá ainda que mergulhados na imperturbável quietude dos montes. Os mesmos lugares que fervilhavam de vida, porque pessoas mais novas do que nós agora e no entanto mais velhas do que nós a mexerem-se com ferramentas nas mãos e cestos e molhos às costas, frenéticos, e a tagarelarem alegrias e tristezas umas com as outras em lugares que se lá formos hoje, as não encontramos. De maneira que, só o vazio no lugar delas. Mas se ainda nos lembrarmos delas, podemos colocá-las nos seus lugares, e tudo outra vez como era dantes! Tudo isto são coisas insignificantes... Talvez saudades. Sim, são saudades do que o tempo abocanhou e deixou para trás.

 Cleo

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