domingo, 1 de março de 2020
Em Novembro
Em Novembro, a noite chegava sempre mais cedo. As candeias de azeite penduradas nas paredes de ripas de madeira a segurarem a massa-triga, minadas pelos insaciáveis e devoradores insectos microscópicos que se haviam escapado do seu profético cárcere de milénios esquecidos, não chegavam para alumiar a solidão e fazer frente às sombras que se agigantavam soalho fora, engolindo os trastes que mobilavam o casebre. Fora construído em tempos com o suor dos velhos que o habitavam e que agora se confundiam com os espectros da morte em gestação no ventre da escuridão, com quem partilhavam mais um serão interminável, só entrecortado de tempos a tempos com uma ou outra palavra, interrompendo dessa forma, o silêncio dos pensamentos em que ambos se abandonavam numa mudez de cansaços.
Cleo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
-
Das Luadas, lembro-me das duas tabernas de um tempo remoto. A da "Poça", do Sr. Adelino e a do Sr. Cruz ao fundo do povo onde...
-
Das tantas histórias que me contava nas longas tardes que passavamos as duas, enquanto me penteava e fazia tranças, lembro-me particularm...
Sem comentários:
Enviar um comentário