sexta-feira, 1 de março de 2019

Toda a gente tem uma história de vida





Toda a gente tem uma história de vida.
Não há duas iguais, quando muito, podem ser parecidas!
A minha, não é igual à de ninguém... é apenas a minha.
Estaria a mentir, se dissesse que tive uma infância triste. Porque, de facto, não foi.
Claro que não tive bonecas, nem jogos lúdicos para brincar. Nem outros quaisquer.
Claro que não tive uma bicicleta para andar,  embora me tivesse sido prometida a certa altura. Soube mais tarde que foi para evitar quedas por causa de ser curta de vista...
Claro que não tive uma simples bola para jogar, embora fosse coisa de rapazes, mas eu sempre gostei de brincadeiras de rapazes.
Ao invés disso, davam-me quadradinhos de madeira e pregos pequenos, visto haver muito disso lá na oficina onde o meu pai trabalhava e eu costumava ficar enquanto pequena e a minha mãe ocupada com os trabalhos agrícolas. De maneira que, pregos, pedacitos de madeira e um martelo, para me entreter.

No verão era melhor. As minhas amigas que chegavam para passar os três longos meses das férias grandes com os avós, traziam brinquedos a sério! Daqueles caros que nunca teríamos oportunidade sequer de ver, se não fossem eles a convidar-nos para brincar também.
De modo que, à hora da sesta, lá me esgueirava para o quintal de uma delas, onde também havia um baloiço. Ah, quem me dera outra vez a voar naquele baloiço, com as asas invisíveis da imaginação e a ingenuidade no sentir de ser apenas uma criança!
Ou quando, pela tardinha de um dia quente de verão, nos sentávamos naquele banco de pedra rente à rua, a jogar a qualquer coisa que nos apetecesse. Ou simplesmente a ouvir uma cantiga dos Beatles ao som de uns acordes de viola, dedilhados com aquela satisfação de quem nos quer mostrar o que já aprendeu, com categoria. E que bem que ele tocava!

De maneira que, nunca me faltou carinho. Nunca nos faltou amor nem atenção se eu doente ou a minha irmã.
Nunca me faltou comida, mesmo que não fossem bifes de vaca. Nunca me faltou trabalho também. Seria trabalho infantil? Talvez, mas...

Mas fui uma criança feliz!!


Cleo

Sem comentários:

Enviar um comentário