E eis que me volto ali, ao lugar de sempre, num tempo esquecido, que me escapa pelos becos e vielas escuras da memória... Rostos embaciados a segurarem um instante irrepetível. Eu de antes no mesmo sítio de agora, mas diferente, porque antes tudo aquilo também diferente e cheio de tudo o que já não existe agora. Dos que ali estavam já ninguém a aparecer, a subir ou a descer a rua. Já ninguém a sentar-se nas pedras do muro nem a conversar. Nenhuma canalha a brincar na neve inesperada de um Janeiro qualquer... Ninguém a chegar para ajudar à matança do porco, porque nenhum porco no curral. As casas estão caladas e já ninguém a abrir a porta para entrar ou sair. As chaminés sem fumo e nenhuma mulher a chegar com uma cesta ou um molho de qualquer coisa à cabeça. A rua emudeceu e, portanto, tudo diferente agora.
Cleo
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