sexta-feira, 6 de setembro de 2019
E da sementeira brotaram pequenas folhas verdes
E da sementeira brotaram pequenas folhas verdes, que, ao poder de muito cuidado e dedicação, desde o aralar, o sachar de inúmeras vezes, o empalhar e assentar inaugurando aquela que seria a primeira de muitas regas, até se medirem os alqueires antes de se arrecadar nas arcas, tantos meses de trabalho, haveriam de trazer suadelas, canseiras e ralações!!
E eis que as pequeninas folhas cresceram e se fizeram adultas. Desbandeiraram-se e carregaram-se as bandeiras às costas até à eira, onde se estenderam ao sol. Arrecadou-se a palha na casita de xisto, que, muito antes de nós, desconhecidos antigos ergueram onde estas faziam falta, para que lhes servissem de abrigo. E assim se mantiveram até que o abandono e os fogos as destruíram, levando consigo toda a história da sua existência...
Depenaram-se as caneiras, fizeram-se as malharuscas que se prenderam ao canoilo, junto à espiga nua. Daí a uns dias haveriam de se vir buscar e levar para junto das bandeiras já secas, ao enxuto do palheiro. Seria o mantimento dos dias de inverno em que o temporal não daria tréguas...! Depois, finalmente, recolheram-se as espigas maduras que se haveriam de descamisar ao serão.
Amanhã iremos à debulha..
Cleo
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Quando o milheiro tinha por aí 30cm de altura era "desbastado", depois sachado puxando a terra para junto do pé do milheiro(arrendar), mais tarde era retirada a bandeira para a espiga se desenvolver melhor. Por vezes havia o hábito de se semear feijão no meio dos milheiros e estes serviam de carvalhehos, era cuidado redobrado no desbaste tendo em atenção de deixar sempre um pé de milho ao pé do feijoeiro para mais tarde lhe servir de suporte. As capas serviam para colchões e também serviam de mortalhas para um belo charuto natural com as célebres barbas do milho já secas a fazer de tabaco. Recordações das férias passadas com os meus avós.
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