sábado, 21 de setembro de 2019
Tirando-se dos seus vagares
Tirando-se dos seus vagares, Silvéria dá um saltito à mercearia, por causa de umas coisitas a fazerem-lhe falta lá em casa. De maneira que, um cartuxozito de papel pardo, com meio kilo de açúcar amarelo tirado da tulha empedernida... e outro de duzentas e cinquenta de café de cevada porque as sopas de pão migado logo de manhã por via de quebrar o jejum, um bacalhauzito cortado em postas miúdas na guilhotina ensebada e devidamente embrulhado e atado com um pedacito de cordel que corta do novelo em cima do balcão. Leva ainda, um litro de petróleo para o candeeiro de torcida, para alumiar na ceia, visto que a electricidade ainda por pôr por causa de ser cara.... De modo que, desdobra a nota de cem escudos que tirou do bolso do avental e estendeu-a ao Sr. Adelino, que, de lápis em riste vindo de trás da orelha, faz a conta num pedacito de papel de embrulho, somando as parcelas. Guarda as moedazitas do troco no bolso do avental com uma das mãos e pega no saquito das compras com a outra e lá segue a caminhar pela rua acima, não sem antes se despedir com um "Até logo", como de habitual. Mas isto, já foi há muito tempo...
Cleo
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