sexta-feira, 1 de março de 2019
A casa, antiga, erguia-se imensa
A casa, antiga, erguia-se imensa(quando somos pequenos tudo nos parece enorme)ao cimo da ladeira de penedos lisos, escorregadios sempre que a chuva caía ou que a geada irrompia das entranhas de impiedosos invernos cinzentos. Na escuridão da cozinha, um fogão de ferro negro com panelas ao lume. Um banco de madeira curto de pernas, quase rente ao chão, ou antes o assento perpétuo da tia Guilhermina, em cujo colo acolhedor me protegia com os braços, do medo que espreitava para lá da porta fechada, no escuro do corredor. Teria quê? Dois ou três anos. Mais não seria visto que da lembrança me chegam imagens distorcidas que se misturam umas com as outras. Do cheiro a feijão cozido com toucinho. Do meu pai a subir as escadas ao fim do dia. Do frontal de madeira que dividia o sítio do fogão do resto da cozinha. Do sobrado de madeira baço, onde mais dois ou três bancos rentes ao chão esperavam por quem os ocupasse. Uma mesa, estreita, rodeada de outros bancos. Estes com um buraco ao meio que me intrigava. Da minha mãe a levar a sopa fumegante para a mesa. Ou do gato a esfregar-se-lhe nas pernas e ela, sem paciência, a enxotá-lo. Lembro-me de ouvir dizer mais tarde, que tinha (des)aparecido morto dentro da estufa do fogão de lenha...
Cleo
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