domingo, 17 de março de 2019
Nunca saia de casa para lugar algum
Nunca saia de casa para lugar algum, sem levar o tempo consigo, guardado no bolso. Aquele objecto redondo ao qual se dava corda para que pudesse continuar a marcar os minutos e as horas, preso a uma corrente que ele prendia a uma presilha do cinto das calças para que se não perdesse, era como se fosse uma parte de si mesmo. Algo que lhe era intrínseco, quase como se fizesse parte da sua essência... Hoje está para lá esquecido numa gaveta, ao pé de uma lupa minúscula que ele também usava para destrinçar certas letras ainda mais minúsculas. Facturas antigas, um par de óculos de ver ao perto e blocos de apontamentos com desenhos de cómodas e guarda-fatos(entre outras coisas) com "xis" de altura e "tanto" de largura, que, certamente, construiu a seu tempo e entregou a quem lhe encomendara.. Mas a máquina de contar o tempo, essa, só deixou de o contar no dia em que o dono não apareceu para lhe voltar a dar mais corda. Que se saiba, nunca mais ninguém se preocupou com isso. De modo que, tenho para mim, que o tempo parou para um e para o outro nesse mesmo dia.
Cleo
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Das Luadas, lembro-me das duas tabernas de um tempo remoto. A da "Poça", do Sr. Adelino e a do Sr. Cruz ao fundo do povo onde...
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Das tantas histórias que me contava nas longas tardes que passavamos as duas, enquanto me penteava e fazia tranças, lembro-me particularm...
É verdade Cleo! O tempo pára quando nos pára o tempo!
ResponderEliminarEu levo comigo um tempo
Que o tempo me deu para gastar
E eu vou gastar esse tempo
Até o tempo se gastar!
Bom dia, João!
EliminarO tempo, esse enigmático e implacável, que a todos nos traz e leva, nos deixa e nos reclama... No fim, tudo se resume a tempo. A própria da existência não passa disso mesmo. Tempo!...
Maravilhosamente descrito na quadra aqui por si deixada. Muito obrigada!