sábado, 1 de fevereiro de 2020
Recordando algumas estórias
Recordando algumas estórias que costumava ouvir, quando, em pequena, por ali andava entretida com alguma coisita, como por exemplo com aquele ferro grosso em formato de "U", que era um íman e com o qual esgravatava nas aparas e na serradura, em busca de pregos pequenos que se tinham sumido por terem caído dos dedos antes do martelo lhes acertar. E eu toda contente de cada vez que o íman com um, dois ou três preguitos de uma vez agarrados à ponta. Ficava aos cuidados do meu pai enquanto a minha mãe se ocupava dos trabalhos agrícolas da fazenda e eu ainda demasiado pequena para a acompanhar. Do que me recordo, aquilo era uma animação. Sempre com alguém lá dentro a falar com o meu pai e a rirem-se disto e daquilo. Gente, que, ao passar na rua a aproveitar e a entrar para conversar também com quem já lá estava. E sabendo que ali, uma salamandra a deitar calor, nada melhor para se aquecerem os pés e as mãos porque de inverno, aquilo na serra não é para brincadeiras! A acompanhar, um bom pedaço de conversa, animada ou séria, mais uma estória ou uma anedota, uma quadra ao despique com o carteiro... ou até mesmo opinando sobre o estado da política e do próprio do estado. Era conforme o lado para onde pendesse o tema. Daí a um pouco, a oferta do mata-bicho do costume e de maneira que, a abalarem para adega ali logo ao lado por causa de aquecerem o corpo por dentro... Um dos convivas habituais era o primo Américo, nosso vizinho da casa ao lado, que, vindo do galinheiro ou da ordenha das cabritas, com o caldeiro do leite na mão, nunca ali passava sem empurrar a porta e dizer: Bom dia! Daí a nada, talvez a Lídia a fazer queixas da irmã ou o Zé das meninas, por causa de um telefonema para o carro de praça. A Silvéria, sempre doente, a marcar uma consulta por telefone no posto médico da Benfeita. Ah, e é claro, o Urbano com as suas lérias, era também um cliente bastante habitual... Contava-se então naquele dia, a passagem daquele desgraçado da Benfeita, deitado a estrebuchar no meio da rua, que, acometido de uma infernal dor de dentes e querendo ver-se livre dela, ali estaria a submeter-se a um arrancamento de um molar a sangue frio, feito por um curioso que também era o barbeiro, de torquez na mão... Calculem! E tudo isto ali mesmo, por onde as crianças a caminho da escola. Se calhar, horrorizadas! Se calhar, divertidas...
Cleo
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