O sol a fugir pela encosta acima, já a escapar ao Bugio e o milho ainda estendido nas mantas de trapos ocupando a maior parte do terreiro da eira da Pochana. E ao fim de mais um dia ensolarado de um Setembro quente, dos quatro ou cinco que já tinha, a reclamar por umas mãos hábeis a abanarem uma joeira... E, já agora, que se está com as mãos na massa, também um ventozito ao lusco-fusco, vindo das bandas da Vinha, para o ajudar a erguer antes de se medirem os alqueires razos e mais uma ou duas quartas bem medidas.
De maneira que, a prima Laurinda da capela toda atarefada a levantar o cesto no ar e uma chuva de grãos a arramalharem num panal e a leveza da imundicie das palhas, a voar toda com o vento como devia ser. Mais adiante, a Ti Miquelina também já a começar de erguer, mais o Ti Marques do Soito a dar uma ajuda à sogra visto ser ainda uma data de milho e a noite quase a chegar dali a nada.
Era uma azáfama de mãos a tratar, cada um do que era seu, a entrarem e a sairem das suas casitas, ora a irem buscar mais isto ou aquilo, ora a arrecadarem os sacos de serapilheira já cheios de milho limpo mais as mantas dobradas, enquanto conversavam coisas de ocasião uns com os outros. Parecia uma família alegre, porque, de vez em quando, uma risada geral a ecoar nas paredes das palheiras de pedra que por aquele tempo estavam ainda todas de pé e eram, também elas, uma pequena aldeia ao redor da eira.
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